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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Rio de Janeiro – Um passeio por Santa Teresa


Essa semana vamos fazer um tour diferente por Santa Teresa com o guia, Marcio Macedo da empresa Curumim[1], conhecendo desde um projeto super interessante no morro até galerias de arte como o Circuito Oriente e o evento Arte de Portas Abertas.

Santa Teresa é um bairro super antigo do Rio de Janeiro, hoje também chamado de “Chelsea carioca”, está se revitalizando. Mesmo sem os famosos bondinhos que só voltarão a circular por lá no segundo semestre de 2014, pode-se ver grande movimento de turistas, uma vez que ali se reúnem nos dias de hoje artistas, ateliers, galerias, hotéis, restaurantes, e museus.


Vista de Santa Teresa

Porque Santa Teresa? O artista Renan Cepeda já morava em Santa Teresa e ocupou um espaço onde antes foi uma padaria. Os artistas são na sua maioria jovens e gostam do bairro porque além de ser muito difícil encontrar espaços bons no Rio de Janeiro, juntos conseguem criar ações coletivas.


Santa Teresa

Circuito Oriente
O Circuito Oriente é uma ação coletiva já na quinta edição com uma programação quase mensal que reúne vários ateliês da Rua Oriente, todos em Santa Teresa. Promovem inaugurações de exposições e alguns cursos. Boa parte dos ateliers são casas dos próprios artistas onde aproveitam para mostrar os seus trabalhos. 

As visitas são feitas com hora marcada. Fazem parte deste circuito: Estúdio 19 (Júlio Castro e Magliani), Atelier Oriente (Renan Cepeda, Kitty Paranaguá e Thiago Barros), Ateliê Oriente, EuVira, Cama e Café Canto da Carambola. 

Esse evento acontece um sábado ou um fim de semana por mês: é um programa muito divertido, você sai do Largo das Neves e vai andando e visitando as várias galerias até o Largo do Guimarães, um passeio delicioso para se fazer.


Galeria de Fotografia


Rua do Oriente


Arte de Portas Abertas
R. Felício dos Santos 9 casa 1
Tel: +55 21 2507–5352

É uma outra ação coletiva, que se realiza uma vez por ano, também em Santa Teresa: são 77 artistas em 48 ateliers e 19 espaços culturais. O evento esse ano, já na 22ª edição, foi de seis à oito de Julho. 

Os artistas abrem suas portas para mostrar seus trabalhos durante um fim de semana. Eles oferecem um mapa do que tem no circuito: espaços de cultura, gastronomia, lojas, projetos sociais e espaço de moda.


Arte de Portas Abertas



Museu Chácara do Céu ou Museu Castro Maya
Rua Murtinho Nobre, 93 - Santa Teresa
Tel: +55 21 3970–1126

A casa de Santa Teresa, conhecida desde 1876 como Chácara do Céu, foi herdada por Castro Maya em 1936. A construção atual, projetada em 1954 pelo arquiteto Wladimir Alves de Souza, destaca-se pela modernidade das soluções arquitetônicas e por sua localização. A vista que se tem dos jardins é maravilhosa! 360 graus sobre a cidade e a baía da Guanabara.

O acervo é riquíssimo: reúne arte européia, Matisse, Degas e Miró, arte brasileira, Guignard, Di Cavalcanti, a maior coleção de Portinari, e uma biblioteca com 8000 livros.

Curiosidade – D. Pedro II convidou pessoalmente o pai de Castro Maya, homem muito culto, para ser preceptor de seus netos.


Museu Chácara do Céu


Museu Chácara do Céu


Parque das Ruínas
Rua Murtinho Nobre, 169 – Santa Teresa
Tel: +55 21 2224–3922
Localizado no alto do morro em Santa Teresa, o parque é um belíssimo mirante com uma vista incrível do centro da cidade e das praias, praticamente 360 graus. O museu das ruínas ocupa a casa que pertenceu a Laurinda Santos Lobo e hoje é o Centro Cultural Laurinda Santos Lobo. Dona de uma grande fortuna, Laurinda herdou a Companhia Mate Laranjeira de seu tio Joaquim Murtinho. 

No Rio de Janeiro da Belle Époque, conhecida como a Diva dos Salões, Laurinda foi uma referência em elegância para a sociedade. Transformou sua casa em Santa Teresa num centro de encontros da intelectualidade carioca da época e emprestava seu nome e prestígio em prol das lutas feministas.
Rua Monte Alegre, 306. - Tel: 2242-9741


Parque das Ruínas


Hotel Santa Teresa - Relais & Chateaux
Rua Almirante Alexandrino 660, Santa Teresa, RJ

Vencedor do Travellers' Choice 2012
Localizado na área mais nobre do bairro de Santa Teresa, o hotel Santa Teresa fica no local de uma antiga fazenda colonial. 

Totalmente restaurado o hotel boutique é sofisticado e charmoso sendo padrão de referência do design tropical brasileiro no Rio de Janeiro. Jardins lindos, piscinas com vista para a cidade, SPA da Natura, bar super romântico dos solteiros, lounge confortável. Tem uma vista panorâmica da cidade, do porto, e da Baía de Guanabara que pode ser apreciada de todos os quartos e jardins.


Hotel Santa Teresa


Piscina e jardim do Hotel Santa Teresa


Restaurantes

Térèze
É o restaurante do hotel Santa Teresa, decoração muito bonita, famoso por sua gastronomia franco-brasileira do Chef Damien Montecer que já trabalhou com Alain Ducasse, Gordon Ramsay e no Garcia e Rodrigues.


Restaurante Térèze


Aprazível
Rua Aprazível 62
Santa Teresa, Rio de Janeiro
+55 21 2508–9174

No alto de Santa Teresa você chega a se esquecer que está no Rio de Janeiro, porque o bairro guarda ainda um ar de cidade pequena. 

O casarão do restaurante tem uma vista incrível da cidade, a decoração é simples e de bom gosto, o verde exuberante e a cozinha serve saborosos pratos típicos brasileiros. Por tudo isso é um lugar que vale a pena conhecer.


Restaurante Aprazível


Bar do Mineiro
Rua Paschoal Carlos Magno, 99
Tel: +55 21 2221–9227

De 1992 o Bar do Mineiro, de uma família mineira, fica em um sobrado com portas em arco, paredes ladrilhadas e fotografias de grandes personalidades nas paredes. É um dos bares mais conhecidos e da cidade e disputado por jovens e turistas. Deliciosa comida mineira e pastéis


Bar do Mineiro


Projeto Morrinho
Rua Pereira da Silva 826, parte 1, Laranjeiras
Tel: +55 21 8308 6298

Cilan Oliveira foi quem nos recebeu na entrada do Projeto. É um rapaz de 23 anos e foi quem começou há quatorze anos em forma de brincadeira a maquete em que se transformou o Projeto Morrinho. Cilan nos contou como começou a estória do projeto: há 14 anos ele e alguns amigos brincavam de Lego (lego para essas crianças são tijolos de cimento furados como podemos ver nas fotos) no morro, e chamou a atenção de um sociólogo francês que visitava a favela 

PS. Olhando mais atentamente percebeu que a brincadeira retratava a vida cotidiana dramática das famílias dessas crianças, ou seja faziam com o Lego o que viam: pais bêbados, mães e crianças que apanharam, muita droga etc.. para escapar da realidade de violência e corrupção do lugar, começaram a construir a maquete do Morrinho, que representava sua realidade de mundo.


Projeto Morrinho

O sociólogo incentivou a brincadeira porque percebeu que era uma maneira saudável dessas crianças elaborarem a dramaticidade de suas vidas. Cilan cresceu e projeto se desenvolveu até se tornar o que é hoje. Já foram para 14 países até na Bienal de Veneza se apresentaram. 

Eles tem um pequeno e singelo escritório no alto do morro perto dos legos com filmes e DVDs contando a história deles. Cilan é hoje o representante e guia local do projeto, se apresenta muito bem vestido e conta tudo com muito orgulho, nos levou até a visitar a casa dele, onde vive com os pais e os irmãos. Todas as frase que estão escritas na maquete são de Cilan, tipo “o lixo dos outros é luxo de alguns”que se tornou um verdadeiro poeta. 

Andamos duas horas pela favela, entramos em Santa Tereza e saímos em Laranjeiras, subindo morro acima e morro abaixo. Eu contei mais de 48 crianças abaixo de seis anos, das quais Cilan era padrinho da maioria.


Cilan Oliveira

O principal objetivo desse projeto é despertar a comunidade local para uma mudança positiva de vida e tentar revelar como as favelas são vistas pelas pessoas. 

Na prática esse projeto atua desde 2004 realizando exposições, filmes e workshops com os jovens criadores da obra “Morrinho”. Desse modo o projeto social quer contribuir com os jovens carentes da comunidade aumentando a auto estima deles, ao mesmo tempo em que ajuda a gerar renda para eles.

A obra “Morrinho” construída dentro da favela Pereira da Silva no Rio é uma maquete em tijolos e materiais reciclados feita em pequena escala com 350 metros quadrados. Hoje, esse projeto conta com quatro iniciativas: TV Morrinho, Turismo no Morrinho, Morrinho Exposição e Morrinho Social.


Escritório do Projeto Morrinho


Favela Pavão
Fomos conhecer o elevador panorâmico do Complexo Rubem Braga, projeto do escritório João Batista Martinez Corrêa, arquiteto paulista, que integrou favela e asfalto em Ipanema e deu ao Rio mais um ponto turístico. 

A vista é realmente deslumbrante! Foi batizado com esse nome em homenagem ao cronista carioca Rubem Braga, que viveu no prédio ao lado da estação do metrô de Ipanema. O complexo compõe-se de duas torres com elevadores panorâmicos, uma passagem coberta com mais de 300 metros, para facilitar o acesso dos moradores do Cantagalo, Pavão e Pavãozinho ao metrô de Ipanema. 

Em uma das torres fica um posto do Poupa Tempo e para os que preferirem há também acesso por escadas. Antigamente os moradores faziam todo esse percurso a pé! subidas de até 80 metros!!. Do elevador panorâmico uma vista incrível da praia de Ipanema! Três lances de escada da saída do elevador, fica o Mirante Da Paz, com a vista imponente das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon, cercadas de um lado pelo Morro Dois Irmãos, de outro pela Lagoa Rodrigo de Freitas e Corcovado, de uma só vez. A cidade é mesmo maravilhosa!


Pavão – vista elevador, torre e passagem

É uma obra arrojada e de importância arquitetônica e talvez um marco na integração social da cidade, que por questões geográficas faz do Rio de Janeiro uma cidade onde a pobreza e a riqueza convivem lado a lado. 

A estreita faixa de terra onde se desenvolveu a cidade está espremida de um lado pelo mar e do outro pelas montanhas que rodeiam a cidade. As favelas surgiram entre a cidade e o alto dessas montanhas, em terrenos ocupados irregularmente ao longo de anos de omissão das autoridades e passaram a fazer parte da paisagem urbana.


Vista do Elevador Panorâmico

Para terminar um trecho do escritor e jornalista mineiro Ruy Castro, que se pode ver em uma das paredes do complexo:

“No auge dos anos 60, o braço armado de Ipanema empunhava um violão. E seu canto de guerra – na verdade, de paz – era a Bossa Nova. Era dele que saíam as insuperáveis melodias, as complexas harmonias e a batida diferente e irresistível que, somada às palavras de seus poetas, faziam de qualquer dia em Ipanema um domingo.”





[1] Marcio Macedo é graduado em Turismo pela Univercidade e pós-graduado em Gestão de Empreendimentos Turísticos pela UFF. É também guia de turismo certificado pelo Ministério do Turismo. É diretor da Curumim Eco Cultural Tours, empresa especializada em roteiros ecológicos e culturais.

Colaboradora: Virginia Figliolini Schreuders

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