A ideia do roteiro é circular pela
história de alguns bairros paulistanos que não fazem mais
parte de nossos deslocamentos diários e visitar alguns casarões antigos
preservados e descobrir comidinhas escondidas.
São Paulo – século XXI |
São Paulo passou de vila a cidade em 1.711 e durante muito tempo ficou limitada ao que hoje chamamos de
centro velho, a região dos conventos de São Francisco, de São Bento e do Carmo.
Até o século XIX, nas ruas conhecidas hoje como Direita, XV de Novembro e São
Bento, concentravam-se o comércio, os bancos e os principais serviços da
cidade.
O desenvolvimento maior da cidade veio
depois da Independência do Brasil. Em 1825 surgiu o
Jardim da Luz, dois anos depois a Faculdade de Direito. Em 1878 Frederico Glette e Victor Nothmann abriram um loteamento transformando
chácaras em grandes lotes de terreno, com ruas bem mais largas que as do centro
velho, arborizadas, dando origem ao bairro de Campos Elíseos.
Surgiram então os primeiros casarões da
elite cafeeira (como o do Museu da Energia, casa da família Santos Dumont),
colégios religiosos (Sagrado Coração de Jesus) e laicos (Colégio Stafford) e prédios públicos como o palácio do governo
(Palacete Elias Chaves, depois chamado Palácio dos Campos Elíseos), transformando
o bairro, no mais abastado da cidade.
São Paulo Antiga – Viaduto do chá |
Tudo acontecia dali até o centro velho. A cidade perdeu o perfil colonial, começando uma renovação
arquitetônica que seguiu padrões europeus. Surgiram as primeiras linhas de
bonde e a iluminação a gás.
As mais importantes realizações
urbanísticas do final do século XIX foram a abertura da Av. Paulista (1891) e a
construção do Viaduto do Chá (1892), que rompeu a barreira do Vale do
Anhangabaú e possibilitou o surgimento de bairros de elite na parte nova da
cidade.
Em 1911 a cidade ganha o seu Teatro
Municipal, obra do arquiteto Ramos de Azevedo.
O bairro dos Campos Elíseos permaneceu como residência da elite até aproximadamente os anos 30,
quando por causa do grande movimento na região, as famílias mais abastadas já
tinham se mudado para Higienópolis, para a região da Paulista e para novos
bairros jardins que estavam sendo loteados.
É o caso dos novos casarões e prédios públicos em
Higienópolis, como a Vila Penteado e a Casa de Veridiana Prado.
O século XX, em suas manifestações
econômicas, culturais e artísticas, passa a ser sinônimo de progresso. Trens,
bondes, eletricidade, automóveis, a cidade cresce, se agiganta.
Em 1934, Armando de Salles Oliveira,
inaugurou a Universidade de São Paulo.
Universidade de São Paulo |
Em 1954, São Paulo comemorou o 4o.
Centenário de sua fundação e o Parque Ibirapuera foi inaugurado.
Nos anos 60, iniciou-se um processo de
perda da qualidade ambiental e dos padrões urbanos vigentes.
Em 1969 foram iniciadas as obras do metrô.
Hoje a grande São Paulo tem por volta de
20 milhões de habitantes.
Casarão da Alameda Cleveland – Museu da Energia
Alameda Cleveland, 601 – Campos Elíseos
O casarão construído entre 1890 e 1894 e
projetado pelo escritório Ramos de Azevedo fica nos Campos Elíseos (nome em
homenagem à célebre avenida francesa Champs-Elysées).
Uma das mais conhecidas famílias que morou nesse palacete foi a de Santos
Dumont.
Família Santos Dumont |
Em 1926 foi sede do Colégio Stafford, um colégio leigo para meninas
de classe média judias que não tinham muitas boas opções de escola, além do
quase vizinho Colégio Sagrado Coração de Jesus, para meninos católicos. Foi
tombado em 2002 e hoje é responsabilidade da Fundação Patrimônio Histórico da
Energia de São Paulo. Os três edifícios do local passaram por profunda
restauração e em 2005, foi inaugurado o Museu de Energia de São Paulo.
Museu da Energia |
Depois dessa visita fizemos uma pausa para
comer uma deliciosa bureka (tradicional massa folhada da Bulgária) na Casa Búlgara no Bom Retiro. Inaugurada
em 1975 a Casa Búlgara de Dona Lina
Levi, logo conquistou o público com suas iguarias búlgaras e um delicioso suco
natural de maçã.
Casa Búlgara
R. Silva Pinto, 356 - Bom Retiro
Casa Búlgara |
Vila Penteado
Rua Maranhão, 88 – Higienópolis
Um dos últimos casarões remanescentes do
estilo art nouveau de São Paulo,
projetado pelo arquiteto sueco Karl Ekman (1866-1940) e construído em 1902 para abrigar duas importantes famílias
paulistas, a do Conde Antonio Álvares Penteado e a de seu genro, Antônio Prado
Junior. A Vila Penteado trouxe enorme contribuição arquitetônica pela qualidade
dos trabalhos artísticos e técnicos da construção.
Vila Penteado |
Em Higienópolis, entre
vários palacetes era conhecida como a "casa das riscas esquisitas" ou
"arte nova", representada nesta casa pelas linhas retas da
construção. A Vila Penteado segundo pesquisadores tem um valor de
"documento material" do passado, que ultrapassa seu indiscutível
valor arquitetônico. A luxuosa construção de dois pavimentos, com mais de 60
cômodos foi doada à Universidade de São Paulo em 1949, sendo hoje a sede da Pós
Graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo –
FAU-USP.
Vila Penteado |
Casa de Dona Veridiana Prado
Av Higienópolis, 18 – Higienópolis
Construída em 1884 pelo engenheiro Luís
Liberal Pinto, foi moradia de Veridiana Valéria de Silva Prado, filha de
Antônio Prado, Barão de Iguape. Aos 13 anos, Veridiana casou-se com o tio,
Martinho Prado, de quem se divorciou em 1877, atitude altamente reprovável para
a época. Tornou-se um símbolo da emancipação feminina em São Paulo. O casarão
tem um estilo arquitetônico com elementos das tradições clássica italiana e
medieval francesa. O telhado, muito inclinado, e o torreão são típicos do Vale
do Loire, na França.
Casa Veridiana Prado |
Quase um século depois Gastão
Vidigal fundou nesse palacete o São Paulo Club, do qual foi presidente: o
primeiro clube no Brasil exclusivamente masculino criado nos moldes dos clubes ingleses.
Era um reduto fechadíssimo da aristocracia paulista, durante o governo militar,
também conhecido como clube dos banqueiros.
Em 2008, o imóvel foi incorporado pelo
Iate Club de Santos, e constatou-se uma coincidência: há 62 anos, um grupo de
amigos de Jorge da Silva Prado, então proprietário da casa, reuniu-se para
criar um clube em que seus barcos fossem guardados em segurança. Surgia aí o
Yacht Club do Guarujá, mais tarde chamado Iate Clube de Santos.
A propriedade, tombada pelo Patrimônio
Histórico, reúne obras de arte, mobiliário antigo, uma fascinante escultura de
Brecheret e um quadro de Almeida Junior.
Casa Veridiana Prado |
Depois fomos conhecer e comer um pastrami
bem típico na Casa Zilanna.
Empório gourmet com uma infinidade de produtos,
inclusive prontos. Além de quase todo tipo de produtos kosher há antepastos,
massas, queijos, sementes e muito mais.
Casa Zilana
Rua Itambé, 506
Casa Zilana |
A caminho da Casa das
Rosas passamos pela Praça Vilaboim para ver o edifício Louveira, um prédio
super interessante do final dos anos 40, projeto de Vilanova Artigas e Carlos
Cascaldi, inspirado em Le Corbusier: o que chama mais a atenção é o espaço semi
público que criaram, sem muros nem portões, que se confunde com a própria praça
e se tornou um local de convívio para os moradores, a maioria intelectuais,
artistas, arquitetos, músicos.
Edifício Louveira |
Casarão da Avenida Paulista – Casa das Rosas
Avenida Paulista, 37 - Paraíso
A construção de 1928 é do arquiteto Ramos
de Azevedo e um presente de casamento para sua filha Lúcia e o genro Ernesto
Dias de Castro. Construída com os melhores materiais da época, grande parte
deles vindos da Europa, a casa conserva sua estrutura original e os traços do
classicismo inglês, típicos dos projetos de Ramos de Azevedo.
Casa das Rosas |
Em 1985, o casarão foi tombado e dando
origem à Casa das Rosas. Um terço da propriedade foi cedida para empreendimento
imobiliário e dois terços para o centro cultural.
Casa das Rosas – parte do jardim original preservado |
Para terminar um
pensamento do arquiteto Isay Weinfeld sobre São Paulo:
“É uma cidade com uma
energia absurda, com uma atividade cultural intensa, onde coexistem todas as
tribos urbanas. A falta de personalidade se transformou na personalidade da
cidade.”
Esse
tour foi preparado pelo nosso querido amigo e guia Diogo de Oliveira, do
escritório SP Bureau, especializado em roteiros sob medida na cidade, ou seja,
de Monumentos históricos, à arquitetura moderna, à arte de rua, moda,
esportes, de acordo com o interesse do cliente. Diogo é antropólogo por
formação e especializado em Planejamento e Marketing de Turismo pelo SENAC em 2006. Estudou Gastronomia na África do Sul, Índia e Tailândia e gerenciou atendimento em restaurantes em São Paulo, Tailândia e Polônia.
Diogo
de Oliveira
Roteiros
sob medida - Tailored Tours
(+55
11) 31043577 / 24h 982598317 / 78819894 ID 86*23881
Colaboradora: Virginia Figliolini Schreuders