segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Côte d'Azur - Arte e Passeios


Esta semana preparei um programa muito especial, unindo o que há de mais bonito na Côte d’Azur, natureza e arte (fundações e museus). Considero uma das viagens mais deliciosas!!

A proposta é sair de S. Paulo direto para Nice, com aquela escala de “lei” em Paris. O ideal é ficar num hotel em Beaulieu sur Mer, que é maravilhoso, “La Réserve de Beaulieu” (existe desde 1908, trata-se de uma reconstrução de um antigo palacete grego) a poucos kms de Nice. Fica fácil sair de lá para todos os passeios. É tudo muito perto, não chega a 20 mns de carro e os caminhos são atraentes!!


La Réserve de Beaulieu

Primeiro dia

Fazer um cooper em um caminho especial, “Promenade Maurice Rouvier”, que vai até Cap Ferrat. A “route” é entre casas suntuosas de um lado e o mar do outro, realmente um deslumbre! Em Maio, o ar é muito leve e o perfume das flores inebriante. Tudo isso dura apenas meia hora!



Promenade Maurice Rouvier


Almoçar no Le Provençal, em Cap Ferrat, um dos melhores da região com uma vista maravilhosa, vale super a pena.

Há que visitar a Villa Kérylos. É um palácio grego belle époque, pertence ao “Institut de France”, luxuosamente decorado, muito bonito por dentro e por fora. O jardim oferece uma vista esplêndida sobre Saint Jean de Cap Ferrat.


Villa Kérylos


A noite, jantar no hotel de Paris em Monte Carlo, deslumbrante, cenário de muitos filmes como James Bond, passear um pouco pelas ruas de Monte Carlo, tomar um café perto do cassino e, olhar todas as vitrines.


Hotel de Paris


Segundo dia

Sair cedo a pé para conhecer a vila de Beaulieu sur Mer, onde você encontra um cassino muito bonito, uma avenida a beira mar linda com lojas, porto, restaurantes, tudo uma graça.


Almoçar uma bouillabaisse no restaurante do hotel Voile d’Or em Cap Ferrat é uma benção. É tudo lindo nesta vila, passeio nos portos, cheios de lojas, restaurantes, boutiques, tudo com vista para o mar.

Uma visita a Villa Ephrussi de Rothschild é obrigatória. É um palácio antigo, o mais bonito da Riviera Francesa, com nove jardins incríveis. A Baronesa Ephrussi de Rothschild transformou a vila em um paraíso para colecionadores. Comprou obras de arte pelo mundo afora. Hoje a vila é também um espaço para casamentos e recepções.

Villa Ephrussi


Jantar em La Napoule a 6 km de Cannes, no restaurante Oasis, considerado um dos melhores restaurantes da Côte. É tudo ótimo, desde o aperitivo até o café, custa caro, mas valem os euros pagos!! Na volta, uma parada em Cannes para um café no Carlton Hotel. Em época de festival há dezenas de cartazes de todos os filmes, a cidade fica animadíssima, todos os cafés e restaurantes lotados para ver o movimento pré- festival que é bem animado.

Carlton Hotel


Terceiro dia

De manhã, um passeio em Cap Ferrat por um caminho que dá a volta em todo o cabo, chama-se “Sentier Jean Cocteau”. É lindo, fica em cima do mar, uma vista maravilhosa!


Sentier Jean Cocteau


Continue o passeio até Vallauris, que é uma pequena cidade onde Picasso tinha atelier e fazia suas cerâmicas. Tem muitas verreries e poterries. Sugiro visitar o “Musée Magnelli et de La Céramique”, um castelo provençal (1568) que abriga duas principais coleções: as pinturas abstratas do pintor italiano Magnelli, reunidas pelo próprio artista ainda em vida e peças em cerâmica, sendo um grande número delas feitas por Picasso. Almoçar um sandwich no museu é uma boa pedida.

Moulin de Mougins


Jantar no Moulin de Mougins. Fica no alto, no caminho de uma cidade medieval muito bonita, chamada Mougins. Todas essas cidadezinhas eram antigas fortalezas medievais cercadas por muros, ruas estreitas, praças com fontes etc... Em Mougins tem um outro restaurante do mesmo dono do Moulin, chama-se L'Amandier, lindo. Bem antigo, o jardim tem hortênsias maravilhosas, a decoração é muito chique. Perto desse restaurante tem uma loja da mulher do dono, o chef Roger Verger, com especiarias, pâtés, geléias, enfim tudo que fabricam para vender. O Moulin tem uma ótima cozinha e Fica num antigo moinho, várias salas, iluminação com velas, muito muito especial. Se for mês de maio, vale passar de novo em Cannes para ver o bochicho do festival.



Quarto dia

De manhã, a melhor opção é uma visita ao “Musée Chagall” em Nice, lindo, são todos quadros com temas bíblicos, o museu inteiro só Chagall, que ali viveu desde 1966 até sua morte em 1985.


Museu Chagall


Almoçar no restaurante Arcimboldo em Nice, italiano, comida muito boa.

Ir para Biot, cidade medieval linda no alto da colina e visita ao museu Fernand Léger, que é bem perto, no meio de um grande parque com esculturas no jardim, construção moderna.


Museu Fernand Léger


Jantar no hotel La Réserve de Beaulieu e tomar um expresso em Beaulieu.



Quinto dia

Caminhar até “Ville Franche sur Mer” - subir a colina e na descida lá está Ville Franche. Andar pelo porto entre os restaurantes e as boutiques, com escadas que vão até a cidade antiga. Uma graça, cheia de ruelas, antiga vila medieval. Depois, continuando pelas escadas ir até a cidade em cima que é mais moderna. De lá, ir para Nice visitar o “Musée Matisse”. Desde 1963, instalado no primeiro andar de uma bela construção de 1622, à época com janelas em trompe l’oeil e em estilo genovês. Para proteger o patrimônio cultural, Nice comprou essa propriedade em 1950 e a renomeou: Villa des Arènes. O acervo compõe-se de pinturas, guaches, desenhos, gravuras, esculturas, livros ilustrados, fotografias, além de objetos que pertenceram ao artista: serigrafias, tapeçarias, cerâmicas, vitrais e diversos documentos. 



Museu Matisse


Almoçar no restaurante “Gaston et Gastonette” no porto em Cannes, de frutos do mar é uma ótima escolha. Depois ir para Antibes, visitar o museu Picasso, em um castelo antigo da família Grimaldi, com telas maravilhosas e com vista para o mar. Dar uma volta pela cidade e tomar um café.


Museu Picasso


La Guerre et la Paix - Picasso


Jantar no Hotel Negresco em Nice, um clássico, que continua muito chique e tem um ótimo restaurante. Depois, passear pela “Promenade des Anglais” em frente ao hotel também é um clássico.


Hotel Negresco


Sexto dia

De manhã ir passear no “Sentier Touristique Edmund Davies,” que dá a volta por um lado de Cap Ferrat à beira mar, lindo de morrer, aroma de jasmim por tudo, arbustos por todas as estradas. 


Fundação Maeght


De lá, ir para Saint Paul de Vence, cidade medieval linda, ruelas pequenas, muito charme, muito bonita, é na montanha, mais ou menos 35 km de Nice. De lá direto para a Fondation Maeght. A Fundação é o resultado da união entre artistas e um arquiteto francês, Joseph Lluis Sert Fruit, aluno de Le Corbusier e professor em Haward. Oferece um panorama excepcional em matéria de arte moderna e contemporânea, em meio a natureza. Com um imenso acervo, pode-se apreciar Léger, Braque e Giacometti. É um programa imperdível passear pelo enorme e bem cuidado jardim e apreciar o labirinto de Miró. A construção da Fundação é maravilhosa: são várias construções no meio de muito jardim com esculturas. É dedicado a quatro artistas: Miró, Chagall, Kandinsky e Calder e sempre tem exposições.


Colombe d'Or

Almoçar no restaurante “Colombe d'Or” é um “must”: a casa é linda, cheia de quadros famosos (Picasso, Leger e outros), uma verdadeira galeria. E é também um pequeno hotel. Quando os impressionistas ainda não eram famosos, tinham o hábito de almoçar no Colombe d’Or: como não tinham como pagar, trocavam o almoço por quadros. Hoje o restaurante tem um belíssimo acervo de pintores impressionistas.


O jantar será em Mônaco no restaurante Rampoldi, super badalado e muito bom. Pertence ao antigo maître Luciano, ex-colaborador da boate Regine’s por 20 anos. É freqüentado pela alta sociedade de Mônaco e celebridades. Não deixe de dar uma volta a pé pela praça de Mônaco que é muito bonita, com lojas, cafés e ver o “bealtiful people”.


Rampoldi


Curiosidade - Há três corniches (estradas) para ir a Mônaco e Monte Carlo: Haute, Moyenne e Basse corniche, todas elas lindíssimas, com paisagens e vistas deslumbrantes. Pode-se ir por uma e voltar pela outra.

Vista de Mônaco


Para finalizar uma frase que acho sugestiva para quem gosta de viajar:

"Minha vida é pequena para conhecer o mundo".



Boa Viagem!!


Serviço:

La Réserve de Beaulieu
5 boulevard du Maréchal Leclerc
06310 Beaulieu-sur-Mer
Tel: 04 93 01 00 01

Le Provençal
2 Semeria Denis
06230 Saint-Jean-Cap-Ferrat
Tel: 04 93760397

Villa Kérylos
Impasse Gustave Eiffel
06310 Beaulieu-sur-Mer
Tel. : 04 93 01 01 44

Hotel De Paris
Place du Casino
98000 Monaco
Tel: 03 77 98 06 30 00

Hotel Voile d’Or
7 Avenue Jean Mermoz
06230 Saint–Jean–Cap–Ferrat
Tel.: 04 93 01 13 13

Musée Rothschild (Villa Ephrussi)
Av. Ephrussi
06230 St-Jean-Cap-Ferrat
Tel: 04-93-01-33-09

L'Oasis
Rue Jean Honoré Carle
06210 La Napoule
Tel: 04 93 49 95 52

Hotel Carlton
58 La Croisette
06406 Cannes
Tel: 04 93 06 40 06

Musée National Pablo Picasso
La Guerre ET La Paix
Place de La Libération
06220 Vallauris
Tel: 04 93 64 71 83

Moulin de Mougins
424 Chemin du Moulin
06250 Mougins
Tél.: 04 93 75 78 24

L’Amandier
Place du Vieux Village
06250 Mougins
Tel. : 04 93 90 00 91

Musée National Marc Chagall
Avenue Docteur-Menard,
06000 Nice
Tel: 04 93 53 87 31

Arcimboldo
22 Rue Latour Maubourg
06400 Cannes
Tel: 04 93 94 68 64

Musée National Fernand Léger
Chemin Du Val Du Pomme
06410 Biot
Tel: 04 92 91 50 30

Musée Matisse
164 avenue des Arènes-de-Cimiez,
06000 Nice
Tel: 04 93 81 08 08

Gaston et Gastonette
6 Quai St.Pierre
Cannes
Tel: 04 93 39 49 44

Musée Picasso
Château Grimaldi
06600 Antibes
Tel: 04 92 90 54 20/26

Negresco
37, Promenade des Anglais
06000 Nice
Tel: 04 93 16 64 00

Fondation Maeght
623, chemin des Gardettes
06570 Saint-Paul de Vence
Tel: 04 93 32 81 63

Colombe d’ Or
1, place du Général de Gaulle
06570 St Paul de Vence,
Tel: 04 93 32 80 02‎

Rampoldi
3, avenue des Spélugues
98000 Monaco
Tel: +377 93 30 70 65





Colaboradora: Virginia Figliolini Schreuders

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Flip 2010


“Save the Date”, quatro dias em Parati para assistir a FLIP é um must!!! 


Você descansa, passeia com as amigas, come bem, faz compras, não precisa enfrentar trânsito e nem poluição, dorme bem e vê pessoas inteligentes e interessantes discutirem suas idéias, contarem sobre suas vidas e seus livros e por aí vai.

Liz Calder é uma mulher muito interessante com uma trajetória de vida muito rica, desde ter morado em vários países, até ser modelo no Brasil dos anos 60 (PullSport) e, finalmente por ter conhecido Amir Klink e ter tido a genial idéia de fazer a FLIP. Ela é uma das sócias da editora Bloomsbery (Harry Potter). Desde a primeira vez que chegou em Paraty, achou que lá era um lugar feito para festivais de qualquer tipo. Já existiam os festivais religiosos, musicais, de comida e de pinga. Mas, de literatura não havia nada. 

Ela já trabalhava muito com festivais em outros lugares e sabia que o importante era o lugar ser bonito, mas também compacto, um lugar onde os autores e os leitores ficassem numa atmosfera muito íntima. A ajuda do arquiteto Mauro Munhoz, que trabalha há muitos anos em Paraty foi essencial. Mauro achou ótima a idéia, pois uma festa literária ajudaria na economia da cidade, sem risco de destruí-la. Hoje ele desenha todas as tendas do evento. Além de tudo isso, uma das primeiras razões para o Festival era fazer a literatura brasileira mais conhecida fora do país.


Entrada Flip


Chegamos em Paraty quarta-feira à tarde. Ficamos no Hotel Pousada do Ouro, que está ótimo, serviço impecável. É nessa Pousada que são feitas as entrevistas coletivas e eu, como membro do editorial do Jornal de Psicanálise da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo, tive a oportunidade de participar de algumas.


Fachada Pousada do Ouro


Living Pousada do Ouro


Esse ano o homenageado da 8a edição da FLIP foi o escritor, pesquisador e antropólogo pernambucano Gilberto Freyre. Fernando Henrique Cardoso foi quem abriu a FLIP com uma conferência maravilhosa sobre Gilberto Freyre! Ele conhece muito o tema e articula super bem! O que mais gostei de sua palestra foi a seriedade com que preparou sua exposição. Relatou que releu os livros mais importantes de Freyre e passou um mês preparando a palestra. Interessante para mim como psicanalista foi ouvir de Fernando Henrique Cardoso que Gilberto Freyre foi um observador minucioso, habilidoso, capaz de relatar em detalhes os hábitos e costumes de índios, brancos e negros sem jamais julgar. Gilberto Freyre ia aprendendo enquanto tinha a experiência e sobretudo, não era pragmático. Apenas descrevia o que via e se reservava o direito à contradição.


Tenda dos Autores


Depois fomos jantar no Punto Divino que é muito bom: comida ótima, a pizza é a especialidade e é muito saborosa, massa bem fina. O que é muito gostoso em Paraty, é que mesmo tarde, 11h30 da noite, dá para passear pelas ruas que ainda estão movimentadas, as lojas ficam abertas, cheio de gente, música, muito alegre.

Na quinta-feira no excelente café da manhã, encontrei Arthur Nestrovski, que dirigiu o show de abertura da véspera, unindo o erudito ao popular e lembrando o homenageado Gilberto Freyre ao saudar o “equilíbrio de opostos” – expressão cara ao sociólogo - no âmbito da música brasileira. Participaram Edu Lobo, Renata Rosa, Marcelo Jeneci e o Quarteto de Cordas da Academia da Osesp.

Fui assistir a entrevista de Lionel Shriver que trouxe para a FLIP o romance “Precisamos falar sobre o Kevin” (vão fazer um filme sobre esse livro). Achei muito interessante o que ela respondeu quando perguntaram sobre o que achava do e-book: acredita que se as crianças começarem a ler no e-Book, em vez de ficarem só nos jogos eletrônicos já seria um enorme ganho.

Isabel Allende é muito simpática, agradável, não parece de jeito nenhum a idade que tem, e ao mesmo tempo passa a impressão de uma mulher firme e de opinião. Percebi a diferença de interesse da mídia entre a entrevista com Lionel Shriver e com Isabel Allende. Para a entrevista com Shriver contei uns 12 jornalistas, já para a de Isabel eram uns 50. Logo na entrada uma leitora pediu para tirar uma foto com ela e pude perceber que Isabel ficou um pouco sem graça, mas parou e deixou-se fotografar. A leitora voltou-se para mim e disse estar muito emocionada: “eu adoro essa mulher”, e começou a chorar.

Disse Isabel: “Estar com os autores aqui nessa cidade é uma festa. O livro Ilha sobre o Mar conta a história de uma escrava haitiana. Roberto Bolaño (escritor chileno) me odiava porque eu queria escrever sobre Nova Orleans e não sobre escravos. 

Quando fui para lá fazer a pesquisa, descobri que há refugiados do Haiti vivendo em New Orleans. Por quatro anos sonhei, ou imaginei, não sei e escutei a voz da escrava e aí o livro já estava pronto. Não sei de onde vem as idéias dos livros. São como sementes que ficam aqui (aponta para a cabeça) e depois começam a me incomodar até saírem para o papel.” Falou sobre o realismo mágico de seus livros: La ciudad de las vistas e Reino do Dragão de Ouro. Disse ela: “que é aceitar que a vida e o mundo são misteriosos e não sabemos tudo. Há histórias que são muito realistas e outras não.” Conta que: “Em 1973 vivíamos o abuso do poder: em 24 horas vi o que é uma ditadura militar. Ninguém pode fazer nada. Isso se passa também numa família: o poder absoluto com impunidade. Eu não seria escritora sem a revolução de 73. 

Quando saí do Chile naquele ano, o mundo estava dividido em dois: direita e esquerda. Mudou, o mundo já não está dividido em dois. Eu tenho o Chile dentro de mim (põe a mão na barriga), não importa onde eu more. Vivo hoje na Califórnia e vou quatro vezes por ano ao Chile.” Sobre sexo disse: “me interessa muito o erotismo, mas como minha mãe está viva e ela vai ler, então não dá para eu escrever sobre isso, preciso esperar que ela morra. Os únicos pecados capitais que valem a pena são a luxúria e a gula.” Sobre feminismo: “...é lutar pelas mulheres. Tenho uma fundação para a mulher e a criança. O abuso contra a mulher é a minha causa. Não é uma luta contra os homens, pois eu adoro os homens. Tem uma relação muito bonita com a mãe, escreve para ela todos os dias e a mãe responde, só que ‘a mão’, também todos os dias. “As cartas estão todas num closed classificadas por assunto, tais como investigações sobre a minha vida e de tudo que se passou esses anos todos. É muito difícil saber porque um livro teve êxito. É um momento em que parece que há a necessidade de escutar essa história.”

Questionada sobre seus livros serem “best-seller” e talvez não terem valor literário falou: “Não se pode ser “best-seller” durante 18 anos e não ter algum valor.” 

Fiz duas perguntas a ela: 1 - se já tinha feito análise 2 - e se acreditava que fazer análise tirava a fantasia das pessoas, por exemplo dela como escritora: “Sempre fiz terapia e me ajudou muito. Se não tivesse feito acredito que não teria ficado casada. Meu marido Willi é americano e tinha filhos drogados. Uma filha dele morreu por causa das drogas e minha filha também morreu: foi um momento de muita dor. A terapia me ajudou muito. Não acredito que a terapia tire a fantasia, ao contrário, nos libera, nos ajuda no auto conhecimento e a gente pode voar mais alto.” 

Diz ter um grande amor pelo Chile e gostar muito de escrever sobre seu país e que quando anda pelas ruas as pessoas a abraçam. Conta também que passa muito tempo só e que é importante, pois o mundo tem muito barulho e isso atrapalha na criação e na escrita. Isabel disse ter se tornado muito intuitiva para criar e escrever. Que o fato de se expor a torna mais vulnerável, mais frágil, pois quando escondemos nossos segredos ocorre o contrário. Escrever para Isabel é como entrar em uma rua escura e dá muito medo ter que tirar a história e os personagens de lá, porque não lhes pertence. “O mais pesado é estar sentada todas essas horas, mas o processo de criação é maravilhoso.”



Isabel Allende


Depois fomos à Tenda dos Autores assistir Patrícia Melo autora do famoso livro “Matador”, e lançando “Ladrão de Cadáveres”: disse ela que fazemos da vida o que quisermos: ser como um rio que corre solto, ou como um cavalo com cabresto. Afirma que é muito confortável acreditar que não há saída, mas que para tudo é necessário fazer escolhas.

Voltei para a pousada e fiz uma massagem ayuvérdica maravilhosa do SPA Shambhala! Logo depois fui para a coletiva de William Kennedy: fala muito baixo, sem expressão: achei ele mais interessante na Tenda dos Autores no sábado. Voltamos para a tenda assistir Robert Darnton e Peter Burke, ambos muito interessantes.

Jantamos no Armazém Paraty, da francesa Lauretta da Martinica, que viveu no Brasil nos anos 70. Cozinheira de mão cheia, com livros de receitas publicados em seu país, montou uma das lojas mais interessantes do centro histórico de Paraty. É o Armazém Paraty, uma loja bistrot, ou vice-versa. No fundo da loja tem um café com delícias feitas de tapioca. 

O jantar é buffet e nessa noite estava ótimo: uma sopa de abóbora com gengibre deliciosa, um camarão créole, um purê de batata doce e uma salada, tudo divino! Por experiência própria, acredito eu, anteviu que os estrangeiros adorariam esse tipo de lembranças: peças confeccionadas por tribos indígenas brasileiras. São cestarias, móveis e objetos de decoração de várias tribos do Brasil. Tudo certificado e escolhido por ela mesma. Passeamos pela cidade e terminamos no hotel Imperial para um gostoso café.


Armazém Paraty


Na sexta-feira depois do café com a companhia de Salmon Rushdie e seu filho assisti a entrevista coletiva de Wendy Guerra: Correspondência vigiada, fotos nuas, prêmio aos 17 anos e diários. Tudo isso faz parte do universo de Wendy Guerra (1970, Havana, Cuba). A escritora lança no Brasil o livro “Nunca fui primeira-dama”, e fala sobre sua vida e obra.


Wendy Guerra


Fomos para a Tenda dos Autores assistir uma mesa muito boa “Além da Casa Grande”. Dela participaram o embaixador Alberto da Costa e Silva, M Lucia P. Burke, Angela Alonso e Lilia Schwarcz como mediadora. Cada um escolheu um livro de Gilberto Freyre para falar sobre ele: o embaixador falou sobre o livro “Nordeste”, M Lúcia sobre “Ingleses no Brasil” e Ângela Alonso sobre “Ordem e Progresso”. Muito bom os três.

Voltamos à 13 horas para assistir a coletiva de Salman Rushdie. Muito simpático, respondeu muitas perguntas inclusive a minha: como era seu processo de criação e se concordava com a idéia de Clarice Lispector que todos os livros de um autor se resumem a um único livro. Respondeu que não concordava e contou que o penúltimo livro veio inteiro na mente dele, a história pronta e que a dificuldade foi em como contar essa história, porque ele gosta de escrever para adultos e crianças e que o último livro, ele já sabia como escrever mas, ainda não tinha a história.


Salman Rushdie


Fomos ao Spa Shambhala de um holandês muito bonito. Ele foi nos buscar ao lado da ponte perto da Tenda dos Autores. O SPA fica no alto do morro, é muito bem montado, tem uma vista linda! E a massagem deliciosa. Na volta almoçamos no Santa Trindade, um picadinho com arroz, feijão, e couve divino!


SPA Shambhala


Novamente para a tenda, desta vez para ouvirmos a iraniana Azar Nafisi e o israelense A B Yehoshua, com mediação de Moacir Scliar. Yeoshua leu um trecho do livro em hebreu, gostei muito dele. Azar foi ótima, falou de como é o Irã hoje, do Lula, atacou um pouco o Ocidente que teve a Inquisição, escravidão, e alguns outros “pecados”. Não que ela concorde com a situação da mulher no Irã, mas que, por exemplo, sua avó e sua mãe, nunca questionaram muito a burca, segundo ela cada povo tem seus costumes, no que eu concordei inteiramente.

Na volta à tenda uma super lotação para ouvir Salman Rushdie com mediação de Sílio Boccanera, muito interessante, ele faz muito sucesso. Nessa noite jantamos no restaurante Banana da Terra, lotado, divertido e comida ótima.

No sábado depois do café assistimos Terry Eagleton com mediação de Silio Boccanera e em seguida Albany, N York e outras aldeias com Colum McCann e William Kennedy que foi muito mais interessante do que na coletiva. Colum é ótimo, moço, irlandês e com uma grande experiência de vida.

Almoçamos no restaurante Casa do Fogo, a tarde fomos passear de barco que é uma delícia e lindo, cheio de ilhas. Tem vários barcos que fazem passeios e partem do pontão.


Vista Paraty


Fui tomar um café no Hotel Casa Turquesa, umas amigas estavam hospedadas lá. É um dos melhores hotéis de Paraty: chiquérrimo, decoração maravilhosa, loja bárbara, serviço cinco estrelas, os quartos são lindos, enfim é tudo perfeito, mas dá para sentir todas esses confortos no bolso.


Hotel Casa Turquesa


Biblioteca Casa Turquesa


O jantar foi especial! no “Le Gite d’Indaiatiba” que vale muito a pena!!! São 16kms de Paraty em cima do morro. Se você for mais cedo dá para fazer uma sauna deliciosa e tomar banho de rio. A comida é ótima e os donos Valérie e Olivier super simpáticos. Ganharam uma estrela no Guia Quatro Rodas em 2010.


Restaurante “Le Gite d’Indaiatiba”


Domingo fomos fazer umas compras porque ninguém é de ferro!! Paraty tem boutiques ótimas, antiquários, livrarias, em resumo é uma festa!! 

“Save the date” para o ano que vem!!!




Um pensamento de Sto. Agostinho: 

“Aprendemos enquanto escrevemos”.




Serviço

Armazém Paraty

Rua Dr. Samuel Costa, 18
Paraty, RJ
Tel.: (24) 3371-2082

Restaurante Banana da Terra
R. Dr. Samuel Costa, 198
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33711725

Restaurante Bartholomeu
R. Dr. Samuel Costa, 176
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33715032

Restaurante Casa do Fogo
R. Comendador José Luiz, 390
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 81271644

Le Gite d’Indaiatiba Pousada e Restaurante
Rodovia Rio-Santos (BR-101) Km 558
23970-000 Graúna, Paraty, RJ
Tel: (24) 33717174

Restaurante Punto Divino
R Marechal Deodoro, 129
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33711348

Refúgio Restaurante
Praça do Porto, loja 4
Paraty, RJ
Tel.: (24) 3371 2447

Restaurante Santa Trindade
R. Dr. Samuel Costa, 267
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33711445

Shambhala Spa
Asian Day Spa
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33712186

Hotel Casa Turquesa
R. Dr. Pereira, 50
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33711037

Pousada Imperial
Rua Tenente Francisco Antonia s/n
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33712323

Pousada da Marquesa
R. Dra Geralda, 99
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33711263

Pousada do Ouro
R. Dr. Pereira, 145
23970-000 Paraty, RJ
Tel.: (24) 33714300

Pousada do Sandi
Largo do Rosário, 1
23970-000 Paraty, RJ
Tel. : (11) 2503-0197

Antiquário do Luxo ao Lixo
Rua Dr. Samuel Costa, 278
23970-000 Paraty, RJ
Te.: (24) 3371-1124




Colaboradora: Virginia Figliolini Schreuders